Há 6 anos, com Sexo, Mentiras
e Fotocópias, o país acordou (acordou?) para o drama (o horror, a
tragédia…) de um jovem activo (algo raro hoje em dia…) numa busca (desesperada,
como ele percebeu depois…) por… uma folha de papel, branca, formato A3.
Nessa demanda (quase existencial), deparou com a ineficácia,
a estupidez e a ignorância de uma funcionária de uma loja de fotocópias, modelo
vivo do burocrata no mais alto grau de ineficiência da nossa função públic (e
não só…).
Hoje (há alguns meses já, para ser mais exacto), o país
descobre (descobre?) finalmente o destino do jovem de então, levado de urgência,
em estado de choque, numa ambulância, para um hospital nacional – coitado…
Que é como quem diz, uma tragédia nunca vem só, como podem
descobrir a seguir (se se atreverem!).
Após viagem (longa e certamente atribulada…) pelos buracos
das estradas portuguesas, as SCUT (auto-insustentáveis) ou as suas
(inexistentes) alternativas, o trânsito sempre caótico das cidades, pejado de
energúmenos ignorantes das regras de circulação, de ciclistas kamikazes e
prepotentes passeadores de animais cultivadores de porcaria pelos passeios, o infeliz
foi deixado (despejado? nançado?) no serviço de urgência de um qualquer
hospital português.


Balcão Trauma é,
assim, uma nova incursão, mordaz e ácida, pelo (triste) quotidiano nacional, numa
combinação de sexo, serviço público e racismo, que alguns (os que nunca
passaram por algo semelhante) dirão exagerada (exagerada?), num estilo gráfico
simples, próximo do cartoon, mas extremamente eficiente e garante de um elevado
ritmo de leitura.
E se é capaz de arrancar sonoras gargalhadas, tantas as
situações caóticas que nos são apresentadas, elas podem transformar-se num
sorriso amarelo pelo incómodo reconhecimento implícito de que as situações
descritas se vão repetindo em hospitais e centros de saúde, um pouco por todo o
país e todos nós somos vítimas potenciais…
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